segunda-feira, 23 de junho de 2008

Adoro o modo como como os sabores e os cheiros me mandam de volta ao passado, a alguém ou algum momento da minha vida. Sempre tive essa relação com cheiros, principalmente com perfumes. Era sentir um determinado perfume e lembrar de alguém. Mas não falo simplesmente em lembrar que a pessoa existe, falo em sentir as sensações do momento (ou momentos) vivido com essa pessoa, indiferente de serem bons ou maus momentos, são sensações nítidas que voltam à tona. Acredito que muitos conseguem sentir o mesmo, na verdade espero que consigam. São sensações muito interessantes, embora às vezes um pouco doloridas.
Com as comidas costuma funcionar do mesmo modo. Ao comer um frango ensopado com polenta, por exemplo, impossível não lembrar da minha avó materna matando as galinhas no terreiro da fazenda, do cheiro da galinha sendo literalmente escaldada para depois perder as penas e se tranformar naquela iguaria que ela sabia fazer à beira do fogão a lenha. Graças a Deus minha mãe herdou o talento. Por aí vai. Aromas e sabores têm esse poder, me levam a essa viagem completamente incontrolável a lugares inusitados.
Passada a "sessão dejavù", chego onde quero realmente chegar (desculpem o pleonasmo, mas achei necessário). Estive em uma festa junina no sábado. Muito bacana, diga-se de passagem. Bacana até demais, vale ressaltar. Mas o que realmente me importou e chamou a atenção nessa festa foram os sabores e sensações que reexperimentei. Cachorro quente, kebab, crepe, doces e salgados. As comidas típicas da festa sem dúvida me levaram de volta à infância, ao sentimento de "festejar sem motivo", somente por que aquele dia é dia de festa.
É sempre muito bom relembrar as coisas boas da vida (e viva o pleonasmo). As comidas, as danças, as brincadeiras. Vendo as danças, comendo as iguarias juninas, reforço minha compreensão sobre o quanto a infância é importante na formação da pessoa, e mais importante ainda, consigo enxergar um pouco melhor o que foi a minha própria infância. Por que às vezes acho que foi uma merda. Outras vezes acho que foi uma maravilha. Na verdade, como para a grande maioria dos seres humanos mortais (hoje ele está me perseguindo), tiveram coisas boas e ruins. O problema é que eu, sendo egocêntrico como sou, sempre sigo a tendência de achar que é diferente.
Mas viva os sabores da vida que nos abrem os olhos do estômago!