segunda-feira, 30 de junho de 2008

Ovo Frito

O bom e velho ovo frito fez parte hoje de minha refeição. Acabo de voltar do almoço, um belo "PF de bife" dos mais caprichados e conhecidos pratos dessa cidade. Mas antes de falar do ovo frito gostaria de contextualizar a história toda.
É verdade que comer PF's na cidade de São Paulo, principalmente fora do centro, é coisa difícil e arriscada atualmente (ao menos leio por aí que antigamente eram melhores, eu não sei). Tenho experimentado alguns ultimamente e esse me pareceu, ao menos até o momento, dos melhores da região. Tempero sem exageros, pós-refeição satisfatório, atendimento informal e bem atencioso. Nada além e nada menos do que espero de um boteco que serve PF. O atendimento, inclusive, foi o grande responsável pela participação do ovo frito no meu almoço de hoje.
Decidi dar esse título ao post de hoje pois PF é PF todo dia. Arroz, feijão, bife e salada de alface, tomate e cebola (e bota cebola nisso). Ao contrpario do trivial, estava eu decidido a repetir meu cardápio da semana passada, quando a senhora que me atendeu perguntou: "Quer ovo no PF?"
Pensei por alguns segundos, lembrando das conclusões de que seria o óleo da batata frita que dificultara minha digestão em outras experiências com o PF paulista, mas ao lembrar que havia muito não comia ovo frito, respondi: "Quero, por favor!"
Acho que foi a resposta mais acertada que dei nos últimos dias. Que delícia é o ovo frito, com gema mole, despedaçado em cima do arroz. Lembrei de tantos outros ovos fritos que já fizeram o meu prazer. Lembrei de pães com ovos, variação do mesmo ovo frito, com os quais também já me deliciei outras vezes.
Enfim, queria somente homenagear a simplicidade e grandeza que tem o ovo frito. Protagonista de tantas refeições por esse vasto país continental, humilde componente (e muitas vezes único) das marmitas de muitos dos trabalhadores brasileiros, mas que também faz deliciosa combinação com o arroz e perfeita harmonia com o bife.
Bendita seja a senhora que propôs, sem gigantes intenções, um ovo ao meu PF.

segunda-feira, 23 de junho de 2008

Adoro o modo como como os sabores e os cheiros me mandam de volta ao passado, a alguém ou algum momento da minha vida. Sempre tive essa relação com cheiros, principalmente com perfumes. Era sentir um determinado perfume e lembrar de alguém. Mas não falo simplesmente em lembrar que a pessoa existe, falo em sentir as sensações do momento (ou momentos) vivido com essa pessoa, indiferente de serem bons ou maus momentos, são sensações nítidas que voltam à tona. Acredito que muitos conseguem sentir o mesmo, na verdade espero que consigam. São sensações muito interessantes, embora às vezes um pouco doloridas.
Com as comidas costuma funcionar do mesmo modo. Ao comer um frango ensopado com polenta, por exemplo, impossível não lembrar da minha avó materna matando as galinhas no terreiro da fazenda, do cheiro da galinha sendo literalmente escaldada para depois perder as penas e se tranformar naquela iguaria que ela sabia fazer à beira do fogão a lenha. Graças a Deus minha mãe herdou o talento. Por aí vai. Aromas e sabores têm esse poder, me levam a essa viagem completamente incontrolável a lugares inusitados.
Passada a "sessão dejavù", chego onde quero realmente chegar (desculpem o pleonasmo, mas achei necessário). Estive em uma festa junina no sábado. Muito bacana, diga-se de passagem. Bacana até demais, vale ressaltar. Mas o que realmente me importou e chamou a atenção nessa festa foram os sabores e sensações que reexperimentei. Cachorro quente, kebab, crepe, doces e salgados. As comidas típicas da festa sem dúvida me levaram de volta à infância, ao sentimento de "festejar sem motivo", somente por que aquele dia é dia de festa.
É sempre muito bom relembrar as coisas boas da vida (e viva o pleonasmo). As comidas, as danças, as brincadeiras. Vendo as danças, comendo as iguarias juninas, reforço minha compreensão sobre o quanto a infância é importante na formação da pessoa, e mais importante ainda, consigo enxergar um pouco melhor o que foi a minha própria infância. Por que às vezes acho que foi uma merda. Outras vezes acho que foi uma maravilha. Na verdade, como para a grande maioria dos seres humanos mortais (hoje ele está me perseguindo), tiveram coisas boas e ruins. O problema é que eu, sendo egocêntrico como sou, sempre sigo a tendência de achar que é diferente.
Mas viva os sabores da vida que nos abrem os olhos do estômago!

quarta-feira, 18 de junho de 2008

Quase me esqueço...

Quase me esqueço que tenho um blog...
Há alguns meses decidi colocar um pouco mais de mim no mundo virtual, por meio dessa ferramenta interessante chamada blog, postei no primeiro dia e nunca mais voltei, quase como o IBGE na música dos Racionais (faz tempo essa hein).
Mas, como todo bom filho, cá estou. Agradecimentos à Eliane, que sem querer me lembrou da existência desse espaço virtual, ao me indicar seu próprio espaço. Obrigado Eliane.

Discursos e agradecimentos à parte, vamos ao que interessa.
Mas afinal, o que é que interessa neste espaço? Ainda não tomei uma decisão concreta sobre os temas a postar, deixar vago também não em soa tão interessante. Tentarei manter a linha dos prazeres da mesa, mesmo que nesse caso (como em muitos outros nesse mundo moderno) sejam prazeres virtuais.

Ultimamente tenho cada vez mais certeza que devo voltar-me à gastronomia o mais rápido possível. O prazer que sinto ao cozinhar, seja arroz com feijão ou qualquer outra receita mais complicada (não muito pois ainda não cheguei lá), supera de longe os prazeres que tenho com outros trabalhos. Parece que o mundo pára, que existem apenas ingredientes, panelas, calor e transformação. A sensação de sentir-se completo, útil, no lugar certo (embora nem sempre no momento certo, maldito timing) traz essa certeza e a vontade de melhorar meus conhecimentos e prática culinária.
Ainda assim, o jornalismo é área pela qual tenho uma paixão à parte. A pesquisa, o dinamismo, a expressão com a palavra escrita sempre me fascinaram. O jeito vai ser juntar os dois. Jornalismo e gastronomia. Nada mal pra que gosta de prazeres... será um prato cheio, literalmente!